O ano de 2020 entrará para a história como um ano em que o caos foi instalado em todo o planeta terra. A pandemia pela Covid-19 alterou a rotina e a vida de todas as pessoas pelo mundo. E, de certa forma, em um grau maior ou menor, todos foram atingidos pelas consequências desse problema. Mas, se atendo apenas no campo da Educação, várias foram as inovações em meio ao caos. O que antes era realizado até com um certo tradicionalismo, hoje se molda à necessidade e a tecnologia serve para aproximar o que o físico já não pode, por hora.
Zygmunt Bauman foi um sociólogo e filósofo polonês, professor emérito de sociologia das universidades de Leeds e Varsóvia, tem um pensamento que se encaixa ao momento que vivemos. Ele usa o termo Modernidade Líquida, uma época de liquidez, de fluidez, de volatilidade, de incerteza e insegurança.
E, quando falamos em modernidade liquida, o pensamento é bem propício, pois, em tempos de pandemia (e o contexto do que ela causou no mundo), a dificuldade em usar as estratégias de ensino voltadas à tecnologia, em um mundo em que alunos são nativos digitais, começa a ser questionada e se readaptar não é uma opção, mas uma necessidade.
O docente, quase obrigatoriamente, está reaprendendo a ensinar ainda que usasse a tecnologia anteriormente em suas aulas ou mesmo que já tivesse sido professor na modalidade a distância. Nessa era, é muito fácil quem tem domínio do assunto acreditar que a facilidade em usar a tecnologia e suas ferramentas ao seu dispor é só uma questão de pró-atividade. Entretanto o choque de gerações começa a ser exposta, quando o pré-julgamento do trabalho do docente começa ser duvidoso ou questionado, se o material disponível não está nos padrões que julgamos “estar certo ou errado”. O processo de aprendizagem leva um tempo para ter seu êxito e ter que reinventar de uma hora para outra não é tão simples. O processo de transição de aulas remotas faz com que o docente trabalhe mais, tenha sua imagem exposta, tendo que se motivar para dar aulas com instrumentos não tão usados em aulas como aplicativos e redes sociais. Hoje o professor não se limita só a ser professor, ele é editor, diagramador, fotógrafo, escritor, além dos cuidados com os trabalhos pessoais como ser mãe ou pai, e todos os cuidados de afazes domésticos.
Mas, ao refletir mais profundamente, percebe-se que este aspecto possivelmente é apenas consequência de outro fenômeno: a fluidez contra a solidez. Como podemos viver numa era de perplexidade, quando as narrativas antigas desmoronaram e não surge nenhuma nova para substituí-las? Viver uma era que está sobre um contexto caótico e querer manter formas pré-determinadas pode ser mais difícil do que se imagina e isso exige mudanças constantes.
Essa situação de falta de empatia nos faz pensar na nossa absoluta solidez. Será que não seria o momento de observar o cenário de dor e isolamento e reavaliar a nossa “solidez”? Não deveríamos ter a prática da fluidez mais aguçadas? Não deveríamos pensar em tirar lições do todo, não no final, mas durante a experiência e o percurso da aprendizagem?